Meio ambiente

Tijolos ecológicos se apresentam como nova solução

Fábrica no interior de Pelotas utiliza casca do cereal e sobras de granito para confecção de tijolos ecológicos

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                  O tijolo ecológico mede 30 centímetros e apresenta maior resistência à água (Foto: Jô Folha - DP)

Na zona rural uma novidade na construção civil é desenvolvida: trata-se da produção de tijolos ecológicos. O material é constituído de sobras de granito e cascas de arroz - a escolha pelo grão deve-se à cultura arrozeira, forte aqui na região. A proposta ecológica, nova em Pelotas, tem objetivo de preservação ambiental, à medida que a construção civil é responsável importante pela descarga incorreta de resíduos na natureza.

Em Pelotas, atualmente, a matéria-prima não utilizada em obras é depositada no meio ambiente, desde descampados até vias públicas. Junto ao reboco, estão outros materiais, como sobras de poda, latas de tinta, lixo orgânico, vidros e os mais diversos formatos de sucata. Os restos também acabam servindo como aterro. Entretanto, com a instalação da fábrica, o proprietário Jorge Luiz Dalforte aposta na mudança do cenário.

Segundo ele, a construção convencional, com tijolos cerâmicos, gera em média 40% de entulhos contra os 6% da ecológica. “Todo resíduo da construção civil vai ser aproveitado pelo nosso maquinário”, afirma Dalforte. Junto com ele e a esposa, também chega de Recife, Pernambuco, a Organização Não Governamental (ONG) Dalforte Ambiental, que deve promover ações educacionais sobre meio ambiente nas escolas e entre a comunidade.

Descarte
De acordo com o vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção e Mobiliário (Sinduscon), Ubirajara Leal, as 120 empresas associadas à entidade têm destinação própria dos resíduos produzidos por suas construções. Ele atribui o descarte impróprio ao trabalho informal. “A gente tem preocupação com esse tipo de trabalho, porque as empresas têm licenciamento ambiental”, assegura.

Conforme o empresário, pelo menos 70% das obras hoje em Pelotas são informais. Leal ainda atenta que é responsabilidade da Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA) dar a destinação correta aos resíduos que ficam no meio ambiente. A prefeitura, por sua vez, anuncia que o Ecoponto, previsto para funcionar até final deste mês, receberá resíduos de construção civil.

Tijolo convencional x tijolo ecológico
O dono da fábrica exibe como vantagem da construção modular ecológica mais economia, praticidade, velocidade e limpeza. No entanto, afirma ainda não ter estabelecido um preço pelas peças.

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           A matéria-prima para confecção dos tijolos deve gerar uma mudança no atual cenário da cidade (Foto: Paulo Rossi - DP)

Para ser confeccionado, o ecológico utiliza-se apenas de solo, cimento e umidade. Então, para seu endurecimento, basta acrescentar água. A redução nos impactos ambientais com o tijolo ecológico aumenta quando produzido com resíduos de obras e orgânicos (com uso da casca de arroz) - como é a proposta da fábrica, localizada em Monte Bonito.

O material recebe a nomenclatura ecológica porque em sua confecção não é estimulada a degradação do meio ambiente, portanto, não agride mananciais com a retirada de argila. Como o método de endurecimento da peça é feito com água, é devolvida à natureza, através de evaporação, toda a água utilizada no processo. Também não são utilizados fornos para a queima de madeira, o que evita o lançamento de gases tóxicos na atmosfera e desestimula o desmatamento.

Já na produção de tijolos convencionais, os cerâmicos, acontece o oposto. É realizada a extração de argila dos mananciais, além do desmatamento para retirada de lenha e acabam sendo emitidos gases tóxicos ao ar. Só no Brasil se produzem em média 2,5 bilhões de peças de cerâmica por mês - o que significa que 98,7 milhões de metros quadrados de argila são retirados dos mananciais mensalmente.

Após a argila ser industrializada, os materiais fabricados são queimados em fornos, que usam madeira como combustível - retirada em sua maioria de desmatamentos clandestinos. Em média, 17 milhões de árvores de médio porte são derrubadas por mês. O volume de árvores queimadas neste período gera 2,3 toneladas de gás carbônico que são emitidas indiscriminadamente na atmosfera, causando doenças respiratórias e contribuindo para o aumento do aquecimento global.

Entenda

Assentamento
Os tijolos ecológicos possuem encaixes bem-acabados, que podem ser aplicados com cola, argamassa comum, argamassa polimérica, misturas artesanais ou, simplesmente, através do encaixe. O assentamento é rápido e prático, e gera obras limpas, sem entulhos e desperdícios, facilitando a construção.

Vigas e Amarrações
Os dutos que se formam no assentamento são preenchidos com concreto e formam os grautes (colunas estruturais por toda a obra). Os tijolos canaletas possuem formato em “U” e também são preenchidos com concreto formando cintas de amarração pela obra - tudo é feito sem a utilização de madeiras para as caixarias.

Conforto termo-acústico
Os dutos que se formam durante o assentamento e que não são concretados permitem que o ar fique em constante movimento, dentro das paredes, proporcionando conforto térmico em dias quentes e frios. São estes mesmos dutos que também isolam e protegem a parede de ruídos externos.

Acabamento
Após assentados, os tijolos ecológicos ficam perfeitamente alinhados e dão forma a uma superfície plana e lisa. Existem várias opções de acabamento.

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